quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Dindo e os gansos

Quantas pessoas vocês conhecem que nadam com os gansos? Imagino que a maioria responda que, nenhuma. Mas eu conheço e esse cara singular é o meu Dindo Bebeto.

Para entender isso, que a princípio parece uma maluquice, é preciso conhecê-lo um pouco mais.

Imagine uma Belina carregada de malas, crianças e uma vianda de fazer inveja a farofeiro profissional. Assim partíamos de Pelotas rumo à Montenegro, onde moravam Tia Carmem e nossos primos.

Cada aniversário era a mesma caravana. Uma verdadeira operação, com o carro entulhado de coisas, parando a cada novo pedido de xixi. Quando chegávamos na cidade o Dindo começava o festejo.

Tirava para fora do carro foguetes e começava uma verdadeira festa de ano novo fora de época. Assim avisávamos à “parentada” que a turma do Bebeto estava chegando.

Essa é só uma das inúmeras lembranças inesquecíveis desse meu padrinho e tio muito especial. Não conheço uma criança da nossa geração que não tenha uma história preciosa, protagonizada por ele, guardada na caixinha da sua infância.

O Dindo era amigo do meu pai quando eram jovens. Foi o meu pai, quando já namorava a mãe, que apresentou a Tia Vera para ele. Dali saiu um namoro e como fruto os meus três queridos primos: Bel, Otávio e Marta (Pata Amada).

Como sou a filha mais velha, quando nasci meu pai não teve dúvidas na escolha do padrinho.

- O Bebeto, claro, é mais que um irmão!

Durante toda vida sempre nos divertimos demais ouvindo as histórias hilárias dessa dupla, que não veio ao mundo a passeio. Entre os dois eu vi as mais lindas demonstrações de amizade e carinho.

O Dindo sempre beijou meu pai no rosto. Era a pessoa a quem meu pai mais ouvia.

Na madrugada em que meu pai faleceu repentinamente, o Dindo foi dos primeiros a chegar na Unimed. Me deu o abraço mais apertado que pôde e perguntou:

- Cadê o Carlinho?

Entrou na sala de enfermagem e a primeira coisa que disse foi:

- Como é que tu faz uma dessas Carlinhos? Tu, o meu amigo!

Foi a cena mais triste e linda que já vi na minha vida. Se é que esse antagonismo pode ser compreendido.

Depois de um tempo, disse que precisávamos arrumar o meu pai. Que ele não estava bem daquele jeito. Começou a conversar como se meu pai estivesse ali.

Com a ajuda do Nauro arrumou a boca, o cabelo, ajeitou-o melhor na maca, e seguiu conversando. Não tive coragem de seguir participando daquele momento.

Quando chegamos para o velório, já no cemitério, olhei novamente para o meu pai. A expressão de dor e tensão daquele corpo que havia me impressionado na Unimed havia desaparecido.

Um rosto plácido e um ar de paz irradiavam dali. Não tenho dúvidas de que as palavras ditas e sentidas ocuparam um espaço entre dois mundos.

Na sexta-feira passada o Dindo sofreu um AVC hemorrágico. Estava ótimo, na casa da namorada, quando se sentiu mal e o derrame aconteceu. Foi imediatamente atendido e desde então trava uma brava luta pela vida na UTI do HU São Francisco de Paula.

Desde então as notícias já oscilaram entre melhoras e pioras, mas agora ele está em coma induzido.

Temos rezado, pensado coisas boas, feito correntes de boas energias, tudo que acreditamos que possa ajudar na sua recuperação.

Ele é um homem forte, sempre levou uma vida saudável e tem tudo isso a seu favor. Por isso quando penso no Dindo, imagino aquela cena tão única, que acontecia em frente a sua casa, na Marinha Ilha Verde.

Ele colocava os pés de patos, mergulhava no arroio em qualquer estação, e os gansos que ele criava desde pequenos saiam nadando atrás dele, arroio a fora.

A cena inusitada é o mais belo retrato desse ser maravilhoso, que quero muito que continue com a gente.

Segura firme Dindo, nós e os gansos te esperamos aqui, para curtir muitas coisas boas!

2 comentários:

Raffaella disse...

Muito lindo! Desejo melhoras e tudo de bom para vocês. Beijos, Raffaella.

Fanzine Episódio Cultural disse...

A ACADEMIA MACHADENSE DE LETRAS comunica que estão abertas as inscrições para o VIII Concurso Plínio Motta de Poesias, do ano 2011.

O concurso contemplará duas categorias:

CATEGORIA I (até 16 anos)
1° Prêmio: R$ 300,00
2° Prêmio: R$ 200,00
3° Prêmio: R$ 150,00
Melhor intérprete: R$ 150,00

****
CATEGORIA II (a partir de 17 anos)
1° Prêmio: R$ 500,00
2° Prêmio: R$ 300,00
3° Prêmio: R$ 200,00
Melhor intérprete: R$ 200,00

PREMIAÇÃO:
Dia 17 de novembro de 2011, em noite solene, na Biblioteca Municipal

INSCRIÇÕES:
Prazo: até 21 de outubro de 2011-09-11
Valor: R$ 2,00 (dois reais). Esse valor pode ser colocado no envelope contendo o poema.

INFORMAÇÕES e REGULAMENTO
Biblioteca Municipal Prof. Gentil Vieira da Silva
Ruas Major Feliciano, 990 – centro – Machado-MG ( CEP: 37750-000 )
(35) 3295-6099
E-mail: machadocultural@gmail.com