terça-feira, 1 de março de 2011

Tempo

Fiquei um tempo longe do blog. Não tirei férias do trabalho. Ser autônomo tem dessas coisas. Algumas vantagens, mas também a necessidade de administrar o tempo no revés do calendário.

E já que tive de continuar na labuta, optei por me dar um tempo. Nessa pausa íntima, fiquei bem quietinha, espiando as frestas do cotidiano. Deliciosos momentos comuns, que no correr dos dias nos escorrem pelas mãos.

Olhei para a Sofia no mágico reboliço das primeiras férias de sua vida. As tardes andando no balanço de corda, os banhos de arroio, os cabelos dourados irradiando a grama verde. Vi o quanto cresceu minha pequena. Já não é mais nossa bebezinha. Enxerga o mundo. Questiona. Nos pega de surpresa.

- Como surgiram as estrelas mamãe?

E lá vamos nós, as duas para a internet. Eu com receio da imprecisão, recorro à tecnologia. Expliquei a ela que a mamãe não sabe de tudo, mas que por sorte, hoje temos o Google para dar uma mãozinha (ou azar!).

Também tive tempo para ver mais de perto as características tão próprias do meu marido. A força bruta que em um dia de folga vira cimento e constrói uma churrasqueira é também de pura sensibilidade. São dele as mesmas mãos que mergulham a máquina fotográfica no detalhe do dia que se esvai.

Vem da alma esse olhar que congela instantes magníficos do cotidiano. Muitas vezes não tenho tempo de apreciar essa metamorfose tão singular. Tão ele.

Enxerguei com carinho, os cantos do nosso espaço. Essa casa feita de retalhos da nossa história. Repleta de cores e símbolos, de gente que passou mas ficou. Como disse nosso amigo Sancler, mais parece cênica.

E foi caminhando por esse cenário tão nosso que vi o quanto o jardim plantado em grande parte pelo Nauro e pela Sofia, já dá frutos. Comi o primeiro caqui que nasceu no calor desse verão.

Vi os brotos de pitanda e o florir prematuro do maricá. Sinal de inverno rigoroso, como dizem os antigos. Teve gosto da mais pura felicidade.

Encontrei tempo para tardes ociosas e bolo morno. Li alguns livros que estavam a minha espera na estante. Viajei pela literatura de Isabel Allende, descobri novos autores e me peguei sonhando em um dia publicar uma obra minha.

O verão já está com cara de outono. Amanhã recomeçam as aulas da Sofia. O cotidiano vai atropelar muitos detalhes que temos a sorte de enxergar mais de perto quando estamos desconectados.

Como tudo na vida, tem os dois lados da moeda. A correria começa e com ela nosso radar fica atento, apontado para todos os lados. Nos debruçamos em semear, arar a terra para plantar mais sonhos. É um ciclo e cumpri-lo está na nossa essência.

Que venham então os assuntos da vida e sirvam de inspiração para nossos deliciosos encontros por aqui. Nesse espaço virtual, onde tudo é permitido. Desde não saber como nascem as estrelas, até a liberdade para daqui se ausentar!

4 comentários:

Marcia disse...

BOm retorno!!!
Adoro ler teus textos!!!
Adoro teu cotidiano...a forma como tu conta eu me imagino na tua casa tomando um mate!!
Eu ainda não voltei para o meu,mas vou esperar a vontade chegar...

Sancler Ebert disse...

Como sempre, teus textos são uma delícia de ler, fazem a gente refletir sobre a vida. Uma hnra para mim ser citado...

Anônimo disse...

lindo!

Gisa disse...

Cheguei aqui pelas mãos da Cristiane Cardoso e imediatamente me encantei no teu texto. Também não saberia explicar com calma e exatidão o mistério das estrelas... rsrs
Fico e sigo-te.
Um grande bj querida nova amiga