terça-feira, 17 de agosto de 2010

Nossas estrelas

Mãe Cema quando conheceu a Sofia (Foto: Nauro Júnior)

Em um sábado qualquer de ócio assisti a uma entrevista com a Heloisa Perissé, no programa Estrelas, da Angélica. A atriz, que é um poço de alegria, apresentava ao público a sua “estrela”. Junto com ela estava uma senhora de cerca de 50 anos, que há onze trabalhava cuidando da sua casa e de seus filhos. A tal da Lolo me fez rir e chorar, com seu jeito simples, falando dos sentimentos que realmente valem nessa vida.

Em meio a confissões, lágrimas e muita ternura, vi uma história de amor e carinho que se repete em milhares de lares desse mundo à fora. Eu por sorte me incluo nessa lista.

Eu e minha irmã tivemos a nossa “estrela”. Ela se chama Iracema, mas apelidei-a de “Mãe Cema” logo quando larguei minhas primeiras palavras. Hoje, aos 94 anos, ela ainda recorda com lucidez as nossas peraltices de criança. Adora contar que a Kiki era medonha, vivia aprontando, e que isso rendeu o apelido carinhoso de “Gata Amarela”. Seus olhos brilham com as lembranças que a idade ainda consegue guardar, como um tesouro.

Mas essa história começa bem antes, na época em que meu avô comprou a Charqueada São João, em 1952. Ela já estava na casa, junto com seu marido Inocêncio (o Lolô), e moravam em uma casa nos fundos do jardim. Quando meus pais casaram em 1968, e foram morar lá, eu por consequência já estava à bordo, na barriga. No mesmo ano, em outubro, eu nasci e já contei com os carinhosos braços desse anjo doce para os cuidados que começaram entre fraldas de pano e seguiram por longos anos das nossas vidas. As aventuras na charrete do Lolô, arrecadando lavagem para os porcos, em meio às ruas de chão batido do Areal. Ele morreu cedo, mas a Mãe Cema permaneceu firme e forte, zelando pelos seus filhos de coração.

Ela é uma segunda mãe para mim. Mesmo que há alguns anos já esteja longe do nosso convívio cotidiano, foi parte essencial da minha formação. Está em tudo que sou hoje. Alguém que tinha seus filhos próprios, mas mesmo sem os laços de sangue dividiu com minha mãe os mais importantes ensinamentos da vida. O que dizer de alguém que nos alimenta, veste, cuida, acalenta, protege e ama?

Aqui em casa hoje também temos a nossa “estrela” e vejo nos seus doces atos muito de minha Mãe Cema.

A Talita chegou aqui quando a Sofia tinha nove meses. Na época tínhamos uma enfermeira em função das rotinas médicas que ela precisava. Um belo dia decidimos que trocá-la por uma babá seria o primeiro passo para uma nova vida. A Talita tinha 18 anos na época, e no currículo o fato de ser filha da Laura, uma antiga empregada de minha Voinha, com quem convivemos quando criança e tínhamos muito apreço.

Com seu jeito tímido se entregou com dedicação à rotina de remédios, horários e fisioterapia da Sofia na época. Eu tinha listas nas paredes da casa, com tudo explicadinho. Rapidamente ela entrou no esquema, me superando em organização, capricho e muitas cores para alegrar a rotina inóspita. Detalhes tão pequenos de nós todos!
A Sofia e ela se entenderam desde o primeiro olhar. Sintonia do coração. E é assim até hoje.

A Tatá, como carinhosamente chamamos, é hoje a mola-mestre da nossa casa. Sem ela nada funciona direito. Acompanhou todos os nossos piores e melhores momentos, no pós-hospital e com isso tornou-se uma cúmplice da nossa história.

Seus gestos cotidianos não têm preço. É um bolo quentinho que chega em uma tarde cinza. O diário da Sofia em que ela detalha cada descoberta do mundo infantil. As vacinas, os exames, a tensão das idas ao especialista em Porto Alegre. Tudo está registrado na caixa-preta da Tatá. Eu escreveria laudas e laudas sobre os detalhes cotidianos, em que a presença dela torna nossa vida melhor. É daquelas que organiza o armário de roupas por cores e quando menos se espera inventa um colorido arranjo de flores com a matéria prima natural, disponível pelos campos das redondezas.
Ela transforma pouco em muito!

E por isso me emocionei tanto com a tal matéria no programa da Angélica. Alguém que cuida do nosso mundo como se fosse o seu, não tem preço. Alguém que entra no nosso mundo para fazê-lo mais feliz então...

...são essas as verdadeiras estrelas, que chegam em um dia qualquer e tornam a nossa vida melhor. Iluminam nosso cotidiano. São anjos feitos de simplicidade e afeto. Almas generosas, que por sorte estão aqui, fazendo nossos dias melhores. Iluminando nossas vidas, como verdadeiras estrelas!

4 comentários:

Anônimo disse...

Gabi.

A Mãe Cema eu ganhei de brinde no dia que tu entraste em minha vida. Ela já tinha quase 90 anos no dia em que uns pirralhos tentaram assaltá-la, ela valente brigou e correu com os ladrões, dando com a bolsa na cabeça deles.
A Tatá é daquelas estrelas que sem ela nenhuma outra na volta teria brilho. Ela é como a Estrela Dalva que aparece linda e imponente às 4 horas da manhã para fazer companhia para a lua quando todo mundo já está dormindo. Sem ela a nossa vida não teria o brilho que têm. Obrigado Mão Cê, Obrigado Tatá por fazer parte da nossa vida. Obrigado “Pincesa” por me dar de presente pessoas tão especiais.
Nauro Júnior.

Anônimo disse...

Gabi, eu e meu irmão Marcelo também tivemos uma estrela em nossa vida, a Yayá, que entrou lá em casa exatamente no dia que eu nasci e vou embora definitivamente quando casei, foram 28 anos de muito amor e dedicação que não tem preço. Agradeço à Deus sempre por ter colocado ela em nossas vidas! Fatos como esse também sempre me tocam a alma e o coração. bjo Claudia

kiki disse...

Ermã, só temos a agradecer por essas verdadeiras estrelas que apareceram em nossas vidas, pessoas que nos amaram sem pedir nada em troca.
E eu além da mãe cema, Karina que agora cuida de meus filhos, a Lelena que cuida tão bem de nossos pais tem outras duas pessoas que considero como minhas estrelas a Maria Helena minha sogra (pode até parecer piada) mas que a conhece pode enteder e tu a minha eterna "madre superiora" que em vários momentos da minha vida foste bem mais do que uma irmã.
Se fosse fazer um programa com minhas estrelas seriam uma constelação.
Bjsss

Anônimo disse...

Filha querida, cada vez que leio teu blog, desnecessàrio se faz dizer o qto me emociono. Sem dùvida a vida me deu grandes previlègios e um deles è a nossa Mãe Ceminha. Foi nossa Estrela Guia a qual meu apreço e agradecimnto será eterno. Peço a Deus que as estrela que hoje acompanham perdurem brilhando por muitos e muitos anos. Mãe.