sábado, 26 de dezembro de 2009

O espírito da coisa

Hoje foi ao ar o especial de final de ano do Caldeirão do Huck, com a história de Dona Conceição. O Brasil conheceu um personagem da vida, que nós pelotenses já admiramos há tempos. Lindo o gesto do João Bachilli e sua trupe, que encontraram uma linda forma de agradecer todos os conselhos espirituais que ela sempre deu a eles. Era como a lanterninha, que apontava a luz para o lugar certo. E assim o Grupo Tholl foi dando seus passos pelo mundo, mas sempre com os pés no chão. Mas isso é outra história, que merece um capítulo à parte.

Hoje assistindo a humildade daquela mulher, lembrei das minhas muitas idas naquele barraco de madeira. Eu ia na casa da Dona Conceição em busca de um auxílio espiritual, que ela tão bem sabia dar. Foi naquela salinha escura, e repleta de imagens de santos, que ouvi os sábios conselhos do meu avô Rafael. Ele faleceu de leucemia quando eu tinha dois anos, e sua doença foi descoberta alguns dias antes de eu nascer. Me criei ouvindo coisas boas sobre ele, onde quer que eu andasse e sempre sentia por não ter me cruzado com ele nessa vida. Mas foi através da mediunidade da Dona Conceição, que meu avô me disse coisas lindas e acalmou um coração juvenil, doído pelas primeiras decepções amorosas.
Lembro que quando isso aconteceu fiquei assustada. Cheguei em casa atônita e fui correndo contar para minha avó, a Chocho. Descrevi as palavras que tinha escutado e ela encheu os olhos de lágrimas. Disse que era ele mesmo, e que podia ouvir aquelas expressões, bem do jeito dele de dizer as coisas. Os dois viveram um daqueles amores que ultrapassam o céu e a terra, lindo e intenso. Mas como ele se foi muito cedo, minha avó sempre transpareceu com sua alegria de viver, o privilégio que teve em estar aqui por um tempo com ele. Foi um amor singular, como sempre digo, e ela sempre soube disso.
E foi depois de ouvir o recado através de Dona Conceição, que procurei conhecer mais o quê aquela mulher “mensageira” fazia de tão incrível. Ela acolhia cada anjo deixado na sua casa, abrindo aquele vasto coração de mãe e instalando o que recebia de Deus, com o maior carinho. Naquele tempo eram cerca de 40, hoje vi que já passam dos 50.
Hoje ela recebeu uma casa reformada, um microônibus e algum dinheiro. Mas a gente podia ver nos olhos dela, que em alguns momentos ficava até constrangida. Vai ser maravilhoso poder dar esse conforto para todos seus filhos. Foi um grande presente e tenho certeza de que eles vão saber desfrutar. Mas ela é tão incrível, que sempre que pôde, ressaltou no ar que o que importa não é só isso na vida. E foi essa mensagem que fez desse programa tão especial. Aqui em casa nos emocionamos de início ao fim. E ficamos com o coração cheio de orgulho por saber que esse bom exemplo, está bem pertinho, na nossa tão amada Pelotas. Isso serve para aproveitarmos o ensejo e pensarmos um pouco mais no que realmente importa. Afinal de contas a vida está rolando e a festa é nossa, 2010 está chegando. Mas não podemos esquecer o espírito da coisa!

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